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História


Em 1712 eram 15 os fogos que compunham o lugar, em 1873 apenas 14. Mas em menos de 40 anos este número aumentou para 21, tantos quantos contava em 1911, habitados por 66 indivíduos.

A igreja de Nossa Senhora da Saúde serve hoje de paroquial da freguesia e deve datar, na sua forma atual, do século XVIII. São disso testemunhos, o retábulo do altar, de talha policroma, ou o lavabo da sacristia, em mármore. Guarda interessantes imagens da mesma época, outras do século XVI e uma pintura do século XVII. No adro existe um pequeno oratório da mesma invocação da igreja, alvo de grande culto popular.

Agricultor e político, Sebastião José de Carvalho nascera nesta quinta em 1833, onde também faleceu em 1905. Filho de Manuel António de Carvalho, Barão de Chanceleiros, foi par do reino, governador civil de Lisboa (1871), ministro das Obras Públicas (1871 e 1892), ministro plenipotenciário na Bélgica. Destacou-se, no concelho de Alenquer, onde era grande proprietário agrícola, na luta contra a filoxera. O título foi-lhe concedido em 1865.

Na família Franco Monteiro, deste lugar, e ligada também ao vizinho lugar de Penuzinhos, se destacaram vários membros: o padre João Antunes Monteiro, prior de São Nicolau de Lisboa, valido e esmoler de D. João V e escritor; o Dr. João Franco Monteiro, fidalgo da casa real, primeiro médico da real câmara, fisico-mor do reino, cavaleiro da Ordem de Cristo, etc.; o capitão José Franco Monteiro; o padre Feliciano Franco Monteiro; e ainda João Pereira Franco Monteiro, nascido neste lugar em 1870 e falecido em Lisboa em 1937, que foi político, jornalista, investigador histórico e genealogista. Miguelista, foi colaborador da Gazeta; diretor do jornal A Nação, orgão oficial do Partido Legitimista, até à sua suspensão, em 1914;  comendador da Ordem de São Silvestre; proprietário da Quinta da Mourinheira, na Cortegana. Autor de As Donatárias de Alenquer, livro publicado em 1893.

Numa casa deste lugar passou o verão de 1893 o grande poeta e pedagogo João de Deus com sua mulher e filhos. A escolha da Cortegana, para além dos seus encantos, estava no facto de seus cunhados terem residência neste lugar. A casa, modesta, com escada alpendrada e um jardim nas traseiras, pertencia então a João Garcez Palha. Durante a sua estadia aqui, João de Deus entreteve-se escrevendo versos e retratando, a lápis, familiares e amigos, no estuque das paredes da pequena sala da casa, composições assinadas que, mais tarde, alguém teve o cuidado de proteger, mandando-as envidraçar e emoldurar. Na parede fronteira à porta de entrada, desenhou João de Deus um grupo de catorze pessoas, de perfil, homens, mulheres e crianças, devendo estar ali representados: João Garcez Palha, proprietário da casa; Graciano Garcez Palha, seu irmão; João Pereira  Franco Monteiro; Dr. João da Costa Machado Vilela, médico, residente na Cortegana; Júlio Pereira da Silva, cunhado do poeta; e os filhos deste, o futuro Visconde de São Bartolomeu de Messines e João de Deus Ramos, homónimo do pai; D. Guilhermina Battaglia Ramos, mulher de João de Deus; sua irmã Teresa, mulher de Júlio Pereira da Silva; D. Rita Franco Vilela, mulher do médico referido; D. Maria da Luz Battaglia Pereira da Silva, futura mulher de João Franco Monteiro; D. Maria Teresa, sua irmã; e as duas filhas de João de Deus, D. Maria Isabel e D. Clotilde Ramos.

Noutro ângulo da sala desenhou a cabeça de José Vaqueiro, personagem popular daquele tempo.

João de Deus terá sido visitado nesta casa pelo Visconde de Chanceleiros, e conta-se que este o terá surpreendido, no quintal, defendendo de uma praga de formigas a laranjeira onde se acolhia à sombra.

A Quinta do Porto Franco, onde há uma pedra de armas de Garcezes, deve ser a que aparece, no princípio do século XVIII, na posse de Luís Garcez Palha, cuja família continuou, nos séculos seguintes, ligada a este lugar. Junto à igreja de Nossa Senhora da Saúde, a Quinta de Vale da Gama, que outrora se terá chamado Quinta da Saúde, foi propriedade do 1.º Visconde de Vale da Gama, Inácio da Cruz Guerreiro, sogro do Visconde de Chanceleiros.

 

Atalaia 

Este topónimo tem certamente origem no árabe al-tali’a, que significa ponto elevado de vigia do espaço em redor, no contexto das estruturas de defesa militar, com o objetivo de assinalar a presença do inimigo.

Havia apenas aqui um fogo no final do século XV, mas em pouco mais de dois séculos, até 1712, alcançou os 60. Decresceu um pouco, no século XIX – 44 fogos em 1873 – mas em 1911 voltava ao mesmo valor de dois séculos atrás, 60 fogos, em que viviam 249 pessoas.

A igreja do Espírito Santo, de fachada simples, com galilé, tem púlpito do século XVII e lambris de azulejos do mesmo período. Do século seguinte data o pequeno retábulo da capela-mor.

No princípio do século XVIII existia aqui uma grande quinta pertencente a Bernardino de Távora.

A fonte deste lugar foi edificada em 1883 pela Câmara Municipal de Alenquer.

À União Recreativa e Desportiva de Atalaia, fundada em 1970, cabe atualmente a organização dos festejos em honra de Nossa Senhora da Saúde, no dia 15 de agosto.

 

Labrugeira 

Deriva este topónimo, que já encontramos nos finais do século XV, de Labruge, do baixo latim labrugia, e este de labrusca que quer dizer videira brava.

Pertencia à vintena de Olhalvo nos finais do século XV e durante todo o primeiro quartel do século seguinte, período de grande crescimento deste lugar. Dos 13 fogos de que se compunha em 1497, passa para 37, em 1527. Depois parece manter-se mais ou menos estável até princípios do século XVIII. Em 1712 conta 40 fogos.

A capela de Santo António, do século XVIII, tem no altar-mor uma banqueta de mármores embutidos. A imagem do padroeiro, estofada, está assente em peanha de mármores embutidos, do mesmo tipo da banqueta. Há nesta capela outras imagens interessantes dos séculos XVII e XVIII.

Em sítio ermo se ergue a capela de São Jorge, cuja imagem do padroeiro pertence aos séculos XVII/XVIII. Todos os anos, em agosto, aqui se desloca um círio vindo da Labrugeira.

Existe aqui uma feira anual, em junho, pelo Santo António, padroeiro do lugar. A sua organização está a cargo, ctualmente, do Grupo Recreativo Flor de Maio, cuja fundação remonta a 1944. 

Em 1530, João Monteiro, deste lugar, e sua mulher Isabel Vogado, eram confrades da Casa do Espírito Santo de Alenquer.

Ainda no século XVI, daqui partiu Afonso de Matos para servir na Índia como soldado.

O morgado de Monte de Loios, pertencente aos Goes, de Damião de Goes, possuía aqui uma fazenda. António de Almeida de Goes, que foi 6.º administrador deste vínculo, residiu na Labrugeira na segunda metade do século XVII, com sua primeira mulher, D. Isabel Pacheco de Oliveira.

Têm aliás origem no século XVII as duas mais importantes quintas da Labrugeira: a Quinta do Coelho e a Quinta do Vale. A primeira foi cabeça de um vínculo instituído em 1658 por António Coelho da Gama; a segunda foi também vinculada à capela instituída em 1689 pelo cónego João Botado de Almeida. 

Na Quinta do Coelho instituiu capela Teodósio de Agorreta, em 1696. Ambas as propriedades vieram a pertencer, no século XIX, à família Lopes de Carvalho.

Nesta família se destacou o agricultor e publicista António Máximo Lopes de Carvalho, nascido na referida Quinta do Vale, em 1852, onde também faleceu, em 1921. Foi, no concelho de Alenquer, outro lutador de referência na luta contra a filoxera. Foi membro da Comissão Central Anti-Filoxera do Sul do Reino (1883); sócio correspondente do Instituto de Coimbra e da Real Associação Central da Agricultura Portuguesa; comendador da Ordem Militar de São Tiago; deputado pelo círculo eleitoral de Alenquer (1896-99); vereador da Câmara Municipal de Alenquer (1896-98); fundador do Centro Agrícola de Alenquer e do Sindicato Agrícola de Alenquer. Para além da sua colaboração em jornais, publicou, entre outras obras: Notícia de Alguns Insetos Úteis à Agricultura (1879); Subsídios para a Ampelografia Portuguesa (1885); Agricultores Ilustres de Portugal (1892); Ensaio sobre a Entomologia Agrícola (1894); Manual Prático da Cultura das Árvores de Fruto de Caroço (1894); As Melhores Forragens (em dois volumes, 1898 e 1901).

Na Labrugeira teve residência, e provavelmente nasceu, em 1767, Jacinto António Nobre Pereira de Almeida. Com origens no lugar da Portela, freguesia de Vila Verde dos Francos, chegou a desembargador e presidente da Mesa das Sete Casas. Casado mas sem descendentes, as suas propriedades virão a ser herdadas por seu sobrinho, João Eduardo Nobre Freire, que entretanto já as administrava. João Eduardo nascera em 1807 no referido lugar da Portela e frequentara Direito na Universidade de Coimbra. 

Nos primeiros anos do século XIX existiam neste lugar algumas fábricas de telha e tijolo cujos proprietários deviam pertencer todos à mesma família. São conhecidas as dos mestres José Barbosa, Joaquim Barbosa e António Barbosa. A do primeiro tinha o seu forno no lugar da Labrugeira; as dos últimos fabricavam no forno da Quinta do Coelho.

Guilherme Henriques classifica a Labrugeira, em 1873, como “importante aldeia”. Contava então 130 fogos. Até 1911 este numero ascenderá até aos 176, habitados por 789 pessoas, sendo por isso, com exclusão da vila de Alenquer, o lugar mais populoso do concelho.

 

Penafirme da Ventosa 

Contava 20 fogos em 1712, 32 em 1873, e 58, habitados por 201 pessoas, em 1911.

Existia aqui, ainda em 1873, uma ermida de Nossa Senhora do Amparo.

Remonta a 1972 a fundação da União Recreativa e Desportiva de Penafirme da Ventosa.

Natural de Penafirme da Ventosa foi Manuel Henriques Pinheiro, cavaleiro professo da Ordem de Cristo e que esteve para ser eleito bispo no reinado de D. Miguel I. Foi herdeiro da sua casa neste lugar, Graciano Franco Monteiro, de Penuzinhos.

 

Freixial de Cima 

Tinha 15 fogos no princípio do século XVIII e apenas mais um em 1873. Desta data até 1911 crescerá até atingir os 28, residindo neles 144 pessoas.

Existe aqui uma capela dedicada a São Gonçalo. O padroeiro é festejado em junho. Atualmente a organização desta festa é da responsabilidade da Associação Recreativa de Freixial de Cima, fundada em 1977.

A Quinta do Monte de Oiro, a maior propriedade do lugar, pertenceu ao Visconde de Chanceleiros.

 

Penedos de Alenquer 

Durante séculos este lugar foi conhecido por Penados ou A dos Penados. Já no século XX adotou a designação atual.

Já tinha alguma importância nos princípios do século XVIII - 30 fogos em 1712 - mantendo posteriormente um crescimento regular: alcançou os 56 fogos em 1873 e os 70, divididos por 372 indivíduos, em 1911.

Existe aqui uma pequena capela dedicada a São José, festejado em agosto. A organização destes festejos é da responsabilidade do Clube Recreativo de Penedos de Alenquer, fundado em 1982.

Na segunda metade do século XVII existia uma quinta, “iunto ao Lugar da Dos Penados”, que pertencia a Filipe Carneiro “marido de D. Leonarda”, onde ambos moravam, conforme um registo paroquial. Ele faleceu em 1683.

 

Penuzinhos 

Compunha-se de 21 fogos em 1873. Em 1911 tinha 31, e 129 pessoas.

Lugar pegado ao da Cortegana, foi berço e residência de alguns membros notáveis da família Antunes / Franco Monteiro, durante os séculos XVIII e XIX.

Aqui terão nascido Manuel Antunes Monteiro, fidalgo da Casa Real, e seus filhos: o padre Pascoal Antunes Monteiro, prior de São João Degolado de Terrugem, termo de Sintra; o padre Francisco Antunes Monteiro, prior da Igreja de Santa Maria de Sintra; Manuel Antunes Monteiro, e o Dr. António Antunes Monteiro, que consta ter sido o primeiro juiz das festas de Nossa Senhora da Saúde, da Capela da Cortegana.

Graciano Franco Monteiro, filho do médico João Franco Monteiro, nasceu em Lisboa em 1827 e foi herdeiro da casa de Manuel Henriques Pinheiro, natural de Penafirme da Ventosa. Residiu muito tempo neste lugar, antes de adquirir a Quinta do Falou, junto à Merceana.  Agricultor, foi o primeiro que, no concelho de Alenquer, plantou, em larga escala, o eucalipto. Administrou a Misericórdia de Charnais e a Real Casa de Nossa Senhora da Piedade da Merceana. Foi várias vezes presidente da Câmara de Alenquer (1862-64, 1868-1870 e 1878-1882). Quando faleceu era procurador à Junta Geral do Distrito pelo concelho de Alenquer e era comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição.

Em 1764, Feliciano Lopes e sua mulher, D. Josefa Teresa Trante, residiam na sua Quinta dos Penuzinhos.

 

Quentes 

Cresceu muito entre finais do século XV, quando contava cinco fogos, e princípios do século XVIII, quando chegou às 30 habitações. Depois parece ter estabilizado, pois em 1873 o número de fogos é apenas de 32. Em 1911 será de 45, residindo neles 204 pessoas.

Existiu uma Quinta da dos Quentes, que pertenceu, nos séculos XVI e XVII, a uma família Ferreira. Foi de Francisco Ferreira, casado com Maria Viegas Rebelo, confrade do Espirito Santo de Alenquer, em 1553. Em 1630, pertencia a Simão Ferreira. Guilherme Henriques admite que um tal Francisco Ferreira Velez, falecido em 1577 e sepultado na igreja paroquial da Ventosa, pertencesse a esta família, bem como Fernão Velez, o primeiro Provedor da Casa da Misericórdia de Alenquer, em 1527.

 

Vila Chã 

Não existindo engano nos dados de que dispomos, este lugar cresceu bastante nas últimas décadas do século XIX e primeira do século seguinte. Em 1873 registava 16 fogos e em 1911 eram já 50 e 231 indivíduos.

Tem uma capela dedicada a Santa Isabel.

Aqui se realiza, em setembro, um círio à Senhora da Misericórdia, organizado pelo Centro Social Recreativo e Desportivo de Vila Chã, fundado em 1957.

A caminho deste lugar, depois de passar o Freixial, encontra-se a Quinta da Bichinha. Em meados do século XVIII pertencia a um ramo da família Lafetá; em 1873 ao Visconde de Fonte Arcada. Foi pouco tempo depois propriedade do Visconde de Chanceleiros, que aqui realizou, em 1887-88, as primeiras experiências no combate à filoxera, pelo método da submersão, apenas aplicável às vinhas de várzea.

 

Parreiras 

Pequeno lugar, compunha-se de cinco fogos, apenas, em 1873, número que subiu para nove, em 1911, contando nesta data 47 indivíduos.

Desde 1986 existe aqui a União Recreativa de Progresso das Parreiras. 

Publicado por: Freguesia de Ventosa - Alenquer

Última atualização: 31-01-2024